terça-feira, 21 de abril de 2009

O projeto de pesquisa e suas contribuições para o processo de transformação social

O projeto de pesquisa e suas contribuições para o processo de transformação social
Girlene do Nascimento Urbano


O homem é um sujeito inacabado. Sempre o será. Nunca estaremos completos, perfeitos, produto final. Se observarmos ao longo da história, o ser humano passou por grandes transformações – físicas, psíquicas, sociais, espirituais. Saímos da caverna e adquirimos o conforto de nossas casas, com energia elétrica, água, alimentos. Porém, essa evolução nada mais é do que um paradoxo. Evoluímos tanto em alguns aspectos e, em outros, nada, nem um passo. Ou ainda, a nossa sociedade está constituída de tal forma que, em cada época, em cada espaço, percebemos a “involução” de muitos, a barbárie.

É comum ouvirmos frases como: “Nossa sociedade está doente”, “...as doenças do homem moderno”, ou ainda, “...a sociedade está entrando em colapso”, etc. Seria pertinente, então, agora, discutirmos as possíveis causas da situação atual. Poderíamos até realizar uma pesquisa de nossa evolução, ou melhor, da não-evolução de grande parte de nossa sociedade, pautados pelo ponto de vista histórico, sociológico, antropológico, etc. Entretanto, façamos apenas uma rápida análise do homem moderno que é fruto dessa sociedade, pautados na nossa sensibilidade e percepção.

Vivemos numa sociedade desigual, injusta. Alguns ricos e detentores do poder em detrimento de uma grande população miserável e sem as condições mínimas de sobrevivência. É importante ressaltar que a palavra miserável não se restringe apenas a condições materiais, mas também a condição mental, intelectual, ou seja, do poder de tomadas de decisões, de autonomia.

Diante dessa realidade, o que fazer? Quais são as possibilidades de transformação? Em busca de respostas, encontramos a escola como local propício para dar condições a essas transformações. Deve oferecer atividades para que o aluno aprenda a exercer a função sujeito social e organizado. E, para que isso aconteça, a escola deve passar por transformações, deve deixar de ser reprodutora do sistema para ser transformadora. ( DEMO, 2005)

Para que tal transformação ocorra de fato, a figura do professor deve ser mudada também. A emancipação deve acontecer primeiramente entre a classe docente.

“Tudo é contraditado no dia-a-dia de uma sociedade que relega educação ao nível dos piores serviços públicos, manietando professores em situação de profunda indignidade profissional.” (Demo, 2005, p.82)

A escrita desempenha um importante papel no processo de emancipação do sujeito. A escrita realizada com sentido, com uma função real dentro de um contexto, ou seja, a escrita como experiência é que é formadora, libertadora. A realização de projetos de pesquisa com os alunos é um dos meios que possibilita a utilização da escrita com sentido, com transformação do aluno em sujeito social, crítico de sua realidade e atuante. (KRAMER, 2001)

Certamente, essa busca pela transformação social a partir do individual, da libertação do sujeito, dando-lhe possibilidade de adquirir consciência de si mesmo e do social, é mais um passo, e não o último, posto que somos inacabáveis no processo de evolução. Na verdade, quando criamos condições para que o aluno seja também responsável pelo seu processo de aprendizagem, estamos oferecendo-lhe condições para que reconquiste “suas pernas e pés” que foram “roubados” por um sistema opressor. E assim, guiados pela consciência liberta, sensível e imbuída de senso de responsabilidade social, caminhe e participe do processo de transformação da sociedade, realizada a partir da base e não mais vinda de instâncias superiores, de forma imposta e alienante.

Bibliografia

Demo, Pedro. A pesquisa como princípio educativo. In Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2005. (p.77/97).
Kramer, Sonia. Escrita, experiência e formação – múltiplas possibilidades de criação de escrita. In Linguagens, espaços e tempos no ensinar e aprender / Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (ENDIPE) – Rio de Janeiro: DP&A, 2001. 2ª edição.

Um comentário:

  1. Oi queridas, estamos sempre em processo de transformação. E a educação nos propicia o desenvolvimento e a aproximação com O OUTRO.
    Beijos.

    ResponderExcluir